sexta-feira, 28 de maio de 2010

Saudade...


Saudade é um registro fiel do passado. É a prova incontestável de tudo que vivemos e ficou impresso na alma. Ao confessarmos uma saudade, na verdade, estamos nos vangloriando de que, ao menos uma vez na vida, conhecemos pessoas e vivemos situações que foram boas, e serão eternas em nossa alma. Nutri-la, é alimentar o espírito e a própria existência.

Se há tantas e, ao mesmo tempo, tão imprecisas definições de saudade, resta-nos apenas cultivá-la e alimentá-la com pensamentos, músicas, perfumes, fotografias, lugares, fins de tarde e madrugadas. Saibamos viver plenamente o presente, pois ele será a saudosa lembrança de amanhã.

Vista cansada


Vista cansada

Otto Lara Resende


Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.


Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Meu silêncio de hoje...


O dia feio de hoje está combinando direitinho com meu cansaço... sonolência e necessidade de silêncio.
Estou bem cansada mesmo..."chorosa" e com muito sono...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Palavras também machucam


Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso. Algum tempo depois, descobriram que era inocente. O rapaz foi solto, após muito sofrimento e humilhação, e processou o homem. No tribunal, o homem disse ao juiz:
- "Comentários não causam tanto mal."
E o juiz respondeu:
- "Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel. Depois, pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir sentença".
O homem obedeceu e voltou no dia seguinte, quando o juiz disse:
- "Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem!"
- "Não posso fazer isso, meritíssimo! O vento deve tê-los espalhado por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão."
E o juiz respondeu:
- "Da mesma maneira, um simples comentário que pode destruir a honra de um homem espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado. Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada."

Moral da história:
Cuidado com o que você fala ou escreve. As palavras estão sempre carregadas de significados, podem ferir ou acarinhar as pessoas. Lembrem: leitores gostam de ser abraçados. Comunicação é sedução, encantamento, ponte para o diálogo que aproxima e complementa o ser. O texto não é uma coisa sem voz, é sobretudo ato humano.
Teça suas palavras carinhosamente. =)

in: professor texto

domingo, 23 de maio de 2010




"Se o caminho se ABRIR e eu tiver que SEGUIR vou levar COMIGO cada amor de AMIGO"

sábado, 22 de maio de 2010

22 de maio- Dia do abraço!!!


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Alejandra Pizarnik ( LIndoooo)



Sou suspeita de falar de Alejandra, porque simplesmente
adoroooooo a poesia dela!!!
Mas, pense num vídeo lindoooooo...
"Coreografia da palavra" traz trechos da poesia
da grande Alejandra Pizarnik juntamente com uma
música linda e uma coreografia perfeita de um bailarino...
Muito bom mesmo!! Merece ser visitado e apreciado!!!

O professor propõe o conhecimento. Não o transmite.



Encontrei esse texto no livro "Sala de aula interativa" de Marco Silva. Vale a pena conferir! =)


O professor não o oferece à distância para a recepção audiovisual ou "bancária" (sedentária, passiva), como criticava o educador Paulo Freire. Ele propõe o conhecimento aos estudantes, como o artista propõe sua obra potencial ao público. (...)

O aluno não está mais reduzido a olhar, ouvir, copiar e prestar contas. Ele cria, modifica, constrói, aumenta e, assim, torna-se co-autor (...) O professor disponibiliza um campo de possibilidades, de caminhos que se abrem quando elementos são acionados pelos alunos. Ele garante a possibilidade de significações livres e plurais e, sem perder de vista a coerência com sua opção crítica embutida na proposição, coloca-se aberto a ampliações, a modificações vindas da parte dos alunos.

Uma pedagogia baseada nessa disposição à co-autoria, à interatividade, requer a morte do professor narcisisticamente investido do poder. Expor sua opção crítica à intervenção, à modificação requer humildade. Mas, diga-se humildade, e não fraqueza ou minimização da autoria, da vontade, da ousadia.

Em sala de aula presencial ou virtual, o professor não é um contador de histórias. À maneira do design de software interativo, ele constrói um conjunto de territórios a explorar, não uma rota. Mais do que "conselheiro" ou "facilitador", ele converte-se em formulador de problemas, provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho, sistematizador de experiências.

Assim, o professor propõe o conhecimento à maneira do parangolé. Ele redimensiona a sua autoria: não mais a prevalência do falar-ditar, da lógica da distribuição, mas a perspectiva da proposição complexa do conhecimento à participação ativa dos alunos que já aprenderam com o joystick do video game e hoje aprendem com o mouse. Enfim, a responsabilidade de disseminar um outro modo de pensamento, de inventar uma nova sala de aula, presencial e à distância, capaz de educar em nosso tempo.

(Marco Silva - Sala de aula interativa)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

monografar

Tenho vagado...
andado meio que em círculos
pela geografia física do meu mundo...
Vasto mundo...
Meu mundo lilás, minha caixa, um quadrado que me refugia
A agonia do monografar tem me consumido. Monografar??
-Gostei da palavra ou...do verbo!! Valeu, Carol!!!
Tenho garimpado bastante. A árdua tarefa de monografar está trazendo a todo instante
uma avalanche de palavras e, mais que imediatamente, tenho que jogá-las na tela do meu "brinquedo" e guardar. Há momentos que bate uma aridez insana e angustiante. Parece que o raciocínio dá pane... e nada sai. Aí é quando percebo que é hora de ler... de conversar e ouvir o que meus atuais companheiros têm a dizer...
Essa tarefa momentânea já tem data para acabar: 15 de junho. É a data limite que minha orientadora ( Giganteeeee!!=)) me deu, ou melhor, é a data que ela falou que nascerá essa "filha" trabalhosa pelo andar da carruagem. Depois sei que vou vagar mais ainda...
Sei que vou rodopíar insanamente pois... virá a tão temida "defesa" diante de uma banca formada por minha orientadora e por mais uma profª que terei que convidar... Na verdade nem faço ideia. Se dependesse de mim... ah... só apresentaria pra minha orientadora em uma sala trancada a sete chaves. ( e as chaves ficariam comigo!!!).
Mas... terei que convidar mais alguém. Como estou agora na área de linguística, nenhum risco de "o velho dragão" cuspir fogo por aqui...(Ufa!estratégia...confesso.)
Bem... a arte(?) de monografar me espera...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

carinho por palavras


Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E, contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: "Eu te amo, eu te amo..." Barthes advertia: "Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada". É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: "Erótica é a alma" (...)
(Rubens Alves)

Só acrescentando...
Costumo acreditar que as palavras têm o poder de acariciar a alma... esquentar o coração. Carinho com as palavras, principalmente as escritas, ficam o tempo todo alí... e qdo a saudade vem,há a possibilidade de serem relidas... é como um carinho que vem até nós sempre na hora que o nosso coração sente falta d eum abraço, por exempl. Para quem escreve, para quem gosta de demonstrar carinho através das palavras escritas, mais prazeroso que escrever para pessoas especiais é receber carinho dessas pessoas também através das palavras... o carinho volta e acaricia, abraça a alma!! Muito bom mesmoooo!! =)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Aprender


Aprender é a maior prova de maleabilidade do ser humano, porque, mais que adaptar-se à realidade, passa a nela intervir. Sendo atividade tipicamente reconstrutiva de tessitura política, é também a maior prova do sujeito capaz de história própria. Saber aprender é fazer-se oportunidade, não só fazer oportunidade. Deixa-se de lado a condição de massa de manobra, objeto de manipulação, para emergir como ator participativo, emancipado.
Retomamos aqui o sentido de autonomia, que precisa ser todo dia conquistada e reconstruída. (...)
Na verdade evita-se estudar. Estudar significa dedicar-se a atividade sistemática de estilo reconstutivo, com base em constante elaboração própria, lendo autores para nos tornarmos autores. Não é absorver passivamente conhecimento alheio, muito menos “colar”. Estudar para a prova é o que há de menos importante na sala de aula, porque retrata artificialidade total as situações concretas da vida. Nem adianta inventar prova com consulta, porque ainda é prova. Faz-se necessário afastar a prova e avaliar de outros modos, sobretudo acompanhando a produção constante de conhecimento, com devida orientação e tendo o aluno sempre o direito de refazer enquanto houver tempo hábil. Ao mesmo tempo, estudar implica outra forma de ler. Trata-se contra-ler, no sentido de saber questionar o autor, interpretar seus argumentos centrais e refazê-los com mão própria, compreender seu contexto e suas bases teóricas e metodológicas, passar por dentro do livro e não pelas orelhas. Não se faz isso com todo livro, mas com aqueles que são centrais para a nossa aprendizagem. Ao ler um livro, é fundamental fazer-se sujeito, porque lemos autores para nos tornarmos autores.”
(Pedro Demo) Arte: Lacey Terrel

No que somos bons?



Encontrei essa questão em um blog de um professor e, achando-a interessante, me propus a responder, adaptando a mim ... “Em que eu sou boa?”

Eu sou muito boa em dizer que tenho uma certa dificuldade em pensar em algo que realmente eu seja boa. Bom, mas muita gente deve começar a pensar e, até mesmo falar, algo que eu faça. Mas...remember? eu disse “coisas que realmente eu sou boa!!” e não “coisas que eu gosto de fazer!!” Isso certamente vai fazer com que pensem que sou louca, não? Não...não sou.
Eu poderia dizer que sou muito organizada, mas que não tenho nenhuma facilidade para me entrosar em trabalhos em grupo... mas, espere aí! Isso aqui não é nenhum currículo..ou é? Será que é alguma entrevista?? Ah... aí eu travo. Pode vir, ainda, alguém que faz o célebre comentário-clichê : - Como é que você tem dificuldade de se relacionar com grupos se é professora? Ora...mais uma vez eu volto ao início dessas palavras:- Estou falando do que sou boa e não do que gosto!! (volte ao início e releia!)
É mais fácil pra mim convencer as pessoas de que “aquilo que é bom em mim” anda meio camuflado pra mim. Entende? (Haja mim!!rsrs) Os outros podem até perceber, apontar algo, mas eu... eu mesma considero que são coisas que gosto, que me esforço pra fazer, que me dão prazer em fazer mas, não vejo tanto talento assim na realização dessas coisas.
Machado de Assis disse que a verdade sai do poço, sem indagar quem se acha à borda, e essa é a minha verdade: Eu não sei dizer com exatidão no que eu sou boa. Eu simplesmente penso, faço e me conduzo da melhor maneira que consigo em tudo aquilo que me proponho a fazer. É exatamente aí, nesse ponto, que surge uma coisa presente o bastante em mim para me atrapalhar... meu perfeccionismo. É aquela coisa... mesmo que eu não seja boa em algo, mas se tenho que fazer, tenho que fazer bem feito. Não sei, não consigo fazer por fazer. Tenho que dar o máximo de mim, mesmo que não seja um exímio talento em tal coisa. Fazer por fazer faz mal. Deixar os defeitos á mostra me incomoda... a busca pela perfeição atrai, motiva e, algumas vezes me detona também!
Eu não sou uma expert em xadrez ( só sei que o cavalo anda em L), nunca aprendi a lógica da química inorgânica (existe?), sou um desastre nas artes da vovó...(bordados e Cia.), uma desastrada na cozinha, travo pra falar em público...
Tudo bem, sei misturar as tintas, juntar palavras, recortar e colar pedacinhos de papeis, rabiscar e criar figuras, juntar imagens e sons, aproximar uma câmera das flores do jardim de minha casa e eternizar aquele instante. Sei fazer tudo isso, gosto de fazer tudo isso, mas... não sou muito boa em fazer tudo isso. Apenas faço, dando o máximo de mim...
Eu posso ser uma desnorteada no que concerne o autoconhecimento, mas eu sou corajosa pelo menos. Sei que tento, mesmo com minhas limitações. Talvez eu seja boa em dar a cara para bater, submeter-me ao risco. E submetendo-me ao difícil, o incompreendido, eu vou acabar descobrindo em um estalo, no que eu sou realmente boa.
Há uns dias atrás, li um texto da Martha Medeiros que dizia: "A poesia é uma fatalidade do olhar. Baste um frame de segundo e ela se revela, para então se esconder novamente atrás da pressa, do tédio, do desencanto, do hábito, do medo do ridículo que paralisa todos nós." E se pelo menos depois dessas palavras aqui, depois do que disse dos meus “talentos” alguém chegar a conclusão de que , realmente, eu não sou boa em nada, eis que eu vos contradigo: Sou boa em ser convincente. =)

sábado, 15 de maio de 2010

VIVE LA DIFFERÉNCE!

Este cartaz saiu da Espanha e está rodando o mundo (traduzido). Muito bom para chacoalhar os países que estão discriminando estrangeiros, mas bom também para todo mundo, para uma reflexão sobre nossos preconceitos, nossas escolhas e nossas rejeições...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Nós, escravocratas


"Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da família de uma criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. Somos escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento decisivo para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos, escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos. (...)
A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e o trabalho forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa escravidão ficou mais barata e o dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos escravos: os sem educação.
Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua, porque continuamos escravocratas. E ao continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos condenados à falta de educação."

Cristovam Buarque - Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo DF.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O sonho não pode acabar...


Contam os mais velhos, a velha guarda de sangue preto e branco e os outros de sangue vermelho, que em 1977 o Brasil parou pra ver a festa, o fim da agonia dos "sofredores", dos... mais felizes. Não vivi naquela época, tampoco sonhava em existir, mas hoje, graças à tecnologia, posso rever e sentir um pouco a agonia dos "mais felizes e sofredores" que, depois de 23 anos voltavam a comemorar mais uma conquista do time de futebol que eles fizeram de religião, tão grande e fiel era o amor, o elo que existia.
23 anos... longos vinte e três anos desfeitos em 7 segundos. Foi o tempo em que a bola beijou a trave, bateu no pé de alguém aqui, de outro ali e sobrou no meio da área desesperada gritando em silêncio...:- Me chutaaaaaa!!!! e chutaram... e ela foi, como um cometa; como o cometa da alegria que arrastava toda uma agonia de uma nação que se formara no período de jejum, e morreu no fundo das redes. Era a explosão, o fim, o início, o choro, a alegria, a loucura, o grito...
o canto, a fala, a rouquidão, o silêncio, a lágrima... as lágrimas...
Os mais felizes voltavam a ser mais felizes ainda.

Rever hoje aquele 13 de outubro de 77 através dos vídeos caprichosamente preto e branco é estar lá sem ter estado. É sentir... o fim daquele longo período de escassez de títulos que se desfez, com sofrimento, mas com vitória.

Pertenço a uma geração que não viveu o êxtase de 77. Não viu a raça daqueles guerreiros que transpiraram sangue para espantar as gozações e trazer a alegria de volta aos mais felizes. Hoje, dois dias após mais uma eliminação da Libertadores, acredito que o sentimento é o mesmo daquela gente que viveu aqueles longos 23 anos de espera.

O silêncio após o apito final só foi quebrado pelas palmas que vinham das arquibancadas que aplaudiam os guerreiros daquela batalha triste. A noite foi longa... o sono não vinha e as cenas da partida começavama passar acompanhadas do famoso... : "se aquela bola tivesse entrado..." " se o goleiro não tivesse defendido..." se o atacante tivesse acertado..." "se...se...se...". Esse "se" não entrou em campo e, de fora, foi mais uma vez cruel com "os mais felizes".

Um dia essa libertadores virá como veio o fim do tabu contra as "sardinhas" de Pelé, como veio o fim do jejum. É lógico que virá! É isso que faz com que o futebol seja apaixonante...É isso o que faz
com que o Corínthiano seja Fiel, apaixonado..., louco pelo timão. Também é isso o que faz com que os outros (menos felizes), sequem, torçam contra e tenham inveja da fidelidade, do amor incondicional que há entre "os mais felizes" e sua religião!

Paixão é isso. É transformar time em religião. É sorrir, chorar, gritar, apoiar,sofrer,é ser fiel, amar...amar... É um amor que se traduziu naquele Pacaembu lotado, perfeitamente bicolor que desde o primeiro instante não parava para buscar o ar; cantava, dançava, coreografava e incentivava. Um amor que, mesmo após mais uma queda, levanta no outro dia com o desejo de recomeçar tudo de novo e buscar o sonho almejado.

São 100 anos, corinthianos!! Durante esse século vivemos sempre no ápice da emoção, seja ela com lágrimas e com sorrisos. 100 anos de loucura e de fidelidade. 100 anos de uma história de amor que independe de títulos, de conquistas, porque simplesmente é fiel, verdadeira. Que venham outras libertadores! O sonho não pode acabar ( não para, não para, não para...)...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Diário de bordo- caos


Um dia, conheci pessoas que, como eu, se encantaram com as letras...
se apaixonaram pela linguagem, seja ela materna, caliente como a espanhola ou
séria como a inglesa...
Como eu, essas pessoas começaram a sonhar com o "compartilhar" de tudo aquilo que aprenderam
dentro das muralhas da Universidade. O sonho era esse: - Compartilhar o tesouro que
nos era dado na academia com pessoinhas lá fora, nas escolas públicas de onde, um dia, saímos para
buscar os tesouros e edificar nossos sonhos na Universidade.
Era maravilhoso o desabrochar da "partilha" de conhecimentos...
Era marcante a "fome" de aprender que carregávamos conosco...
Era belo o sonho de um dia ser grande, gigante na "arte" de compartilhar conhecimentos
e semear o amor por essa partilha.
As primeiras aulas dos candidatos a mestres eram regidas por uma alegria imensa. A energia
contagiava e os estágios eram comemorados e comentados por todos do grupo. As experiências
eram compartilhadas e a busca por sempre dar tudo de si era intensa.

Com o término do ciclo na universidade e a nossa efetivação nas diversas redes, as coisas começarama a mudar...
Os sonhos começaram a perder as cores. Os semblantes alegres foram se desgastando e o amor pelas salas de aula foi semindo, evacuando no ar.
Desrespeito, agressividade, cobranças, desvalorização, violência... são ingredientes suficientes para fazer com que o amor enfraqueça; são motivos para desfazer os sonhos, para tirar forças...

Hoje, continuamos compartilhando as experiências, mas agora são negativas, sofridas, dolorosas. Vivemos cansadas, com medo do futuro, sem esperanças...
O sentimento que vem é medo. Muito medo de continuar. O que antes nos dava prazer, agora nos faz sofrer, nos faz chorar diante de "pessoinhas" que nos causam medo, que não se deixam ajudar ... ,e também diante de um sistema que nos deixa de mãos atadas, que extrai nossos direitos e nos empurra um monte de obrigações totalmente passivas ao desrespeito e á violência que assolam as salas de aula de nossas escolas.
Chegará um dia em que não terão mais professores. Eles serão extintos, tal qual os dinossauros...
O que nos resta, então?
Infelizmente, estamos sendo obrigados a seguir a regra: " os incomodados que se mudem..."

e a educação?
ela agoniza em um corredor lotado, de um hospital público sem atendimento algum...

"E assim caminha a humanidade...
com passos de formiga e sem vontade..."

domingo, 2 de maio de 2010