sábado, 27 de fevereiro de 2010

Momento poético


A vida é excessiva
como um aguaceiro.
Vou de pés molhados
e na contra-mão
nas ruas inundadas
do meu coração.


Lêdo Ivo, em O soldado ra

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Diário de Bordo


Ontem foi dada a largada oficial para o início do ano letivo na rede estadual. Só ontem, verdadeiramente, pude saber com quais turmas iria dividir algumas horas de minha noite e de minha manhã. É verdade que as aulas foram iniciadas antes da festa de Momo, mas na prática foi segunda mesmo.
Salas cheias, repletas de uns olhares desconhecidos e outros beeemmm conhecidos.
Com as turmas de EJA, é sempre a mesma conversa: - Poxa, você é a professora? pensei que fosse uma aluna... ou ainda :- Estudei com você, professora, lembra?
Já nas 5ªs séries... : - Professora, minh amãe estudou com a senhora...
É sempre a mesma conversa. E eu, sem graça apenas lanço um sorriso tímido...afirmando toda a história.
Agora estou na minha casa. Na escola onde a menina que só dava aulas em casa, socorrendo os vizinhos que estavam " na uti"no final do ano, decidiu ser professora de verdade.
Há alguns dias, tive que abrir mão da outra escola... confesso que foi meio difícil assinar aquela exoneração, afinal já fazia um bom tempo que eu estava por lá. A gente se acostuma, né?
A gente cria laços...
A vida é assim... Repleta de escolhas... de caminhos duplos onde, muitas vezes só podemos trilhar por um...
Em meio a isso tuso ainda tem a Universidade...
Não me vejo sem aqueles ares...
No dia 08 terá início mais um semestre e estarei pelos corredores do Cac e do Ce mais uma vez.
Tremendo diante dos seminários...
Lendo, investigando, anotando...
correndo e buscando sempre o conhecimento...
Isso me faz bem. Me faz crescer e, mesmo diante do corre-corre, assim
sou muito mais feliz!!!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Esperança - Mario Quintana




Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Até quando essa louca vai existir no nosso meio...?
até quando vamos conseguir cultivá-la?
Diante da barbaridade cometida contra o estudante
Alcides Lins, fica difícil acreditarmos, termos esperança
de um mundo melhor, onde nossos sonhos possam ser sonhados
e não destruídos, interrompidos cruelmente!!