terça-feira, 27 de abril de 2010

Belas palavras...


(...) Estou, hoje, convencido de que, se há maus alunos, é que não tiveram um sorriso ou uma carícia, para os acolher à entrada da escola. Vem-me agora, uma palavra de ouro de Michelet : “A educação é uma amizade”. Por isso, fiz dos meus professores meus amigos e, mais tarde, quando fui mestre, fiz, amigos, dos meus alunos."

Afonso Pena Júnior

Fonte: http://www.academia.org.br/




segunda-feira, 19 de abril de 2010

Índios - Legião Urbana


Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do iní­cio ao fim.

E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...

Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos, obrigado.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!

Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Diário de Bordo


"O que vou fazer é, simplesmente, explorar algumas palavras e tratar de compartilhá-las.
E isto a partir da convicção de que as palavras produzem sentido, criam realidades e, às vezes, funcionam como potentes mecanismos de subjetivação. Eu creio no poder das palavras, na força das palavras, creio que fazemos coisas com as palavras e, também, que as palavras fazem coisas conosco. As palavras determinam nosso pensamento porque não pensamos com pensamentos, mas com palavras, não pensamos a partir de uma suposta genialidade ou inteligência, mas
a partir de nossas palavras. E pensar não é somente “raciocinar” ou “calcular” ou “argumentar”, como nos tem sido ensinado algumas vezes, mas é sobretudo dar sentido ao que somos e ao que nos acontece. E isto, o sentido ou o sem-sentido, é algo que tem a ver com as
palavras. E, portanto, também tem a ver com as palavras o modo como nos colocamos diante de nós mesmos, diante dos outros e diante do mundo em que vivemos.
E o modo como agimos em relação a tudo isso.
O homem é um vivente com palavra. E isto não significa que o homem tenha a palavra ou a linguagem como uma coisa, ou uma faculdade, ou uma ferramenta, mas
que o homem é palavra, que o homem é enquanto palavra, que todo humano tem a ver com a palavra, se dá em palavra, está tecido de palavras, que o modo de viver próprio desse vivente, que é o homem, se dá na palavra e como palavra. Por isso, atividades como considerar
as palavras, criticar as palavras, eleger as palavras, cuidar das palavras, inventar palavras, jogar com as palavras, impor palavras, proibir palavras, transformar
palavras etc. não são atividades ocas ou vazias, não são mero palavrório. Quando fazemos coisas com as palavras, do que se trata é de como damos sentido ao que somos e ao que nos acontece, de como correlacionamos as palavras e as coisas, de como nomeamos o que vemos ou o que sentimos e de como vemos ou sentimos o que nomeamos."

“Se diria que todo lo que pasa está organizado para
que nada nos pase”
(JORGE LARROSA)

Essas palavras vieram até mim ontem à noite quando, depois de chegar da aula,
fui navegar um pouco na grande rede. Não as encontrei por acaso... foram enviadas a mim por uma amiga extremamente especial que ousou semear belas palavras em meu e-mail.
Palavras...
Belas e verdadeiras palavras...
Muitas vezes fogem, escapam de nós e se escondem no imaginário. Depois surgem...
do nada e, como avalanches, derraman-se em nosso meio suplicando ( no meu caso) que as eternizem em papéis ou, até mesmo em livros digitais, onde são conduzidas, serenamente no imenso oceano virtual...
Como diria uma das grandes mestras de nossa Literatura: " Ai, palavras, ai palavras, que estranha potência a vossa!!" Estranho poder, estranho domínio sobre mim... Não sei se cuido delas, mas certamente me dominam, cuidam de mim também!!
Ai, palavras... nem sempre precisam de som. Silenciosas elas falam onde o som não ousa chegar. E encantam ou desencantam com a mesma maestria, com a mesma sutileza.
"Que estranha potência a vossa..."
Depois que as palavras de minha grande amiga ancoraram no meu barco virtual, fiquei ali alguns instantes lendo e relendo... decifrando cada espaço, cada pedacinho de palavra...
e, " foram ditas de dentro dos lábios (ou das mãos!!!)...
e isso é o que é mais legal!!
Às vezes fico pensando em como sou uma falante silenciosa...Paradoxos à parte, mas elas (as palavras) sempre brotam por aqui e me fazem falar, falar, falar... silenciosamente, até porque no caminho por onde elas surgem e navegam, é caliente e o iceberg da timidez derrete-se facilmente...serenamente...



sábado, 10 de abril de 2010

algo a dizer...


" O nosso maior medo não é sermos inadequados.O nosso maior medo é sermos infinitamente poderosos.È a nossa própria luz, não a nossa escuridão, que nos atormenta. Sermos pequenos não engrandece o mundo.
Não há nada de trancedente em sermos pequenos pois assim os outros não se sentirão inseguros ao nosso lado. Todos estamos destinados a brilhar, como as crianças. Não apenas em alguns de nós, mas todos.E, enquanto, irradiamos a nossa admirável luz interior, inconscientemente estamos a permirir aos outros fazer o mesmo.
E enquanto nos libertamos dos nossos proprios medos a nossa presença automaticamente libertará os medos dos outros."

(In coach carter)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Outono...


O outono, na teoria, é a porta de entrada doo inverno.
"são as águas de março fechando o verão..." mas..onde estão essas águas???
O sol não quer ir embora não!!!
O calor tá insuportável...
O que parece é que inverno é coisa do passado.
frio? que nada! é só calor...
nem por aqui, à beira-mar, está dando pra aguentar.
faz tempo que a brisa fria,gostosa e refrescante não aparece.
O astro-rei impera e nós... derretemos igual a picolé!!
E tem gente que ainda diz que o planeta não está aquecendo...

A casa do tempo perdido


Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu. Bati segunda vez e mais outra e mais outra. Resposta nenhuma. A casa do tempo perdido está coberta de hera pela metade; a outra metade são cinzas. Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando pela dor de chamar e não ser escutado. Simplesmente bater. O eco devolve minha ânsia de entreabrir esses paços gelados. A noite e o dia se confundem no esperar, no bater e bater. O tempo perdido certamente não existe. É o casarão vazio e condenado. (Carlos Drummond de Andrade)