Na escola lembro que passava horas inventando frases com os elementos da tabela periódica para conseuguir memorizar todos...
Aprendi tantas fórmulas de matemática e física, inúmeras nomenclaturas, classificações dos seres viso... tantas e tantas regras...
Me via louca para aprender as conjugações verbais, conseguir juntar a História Geral com a do Brasil... tanta coisa me foi ensinado e muita, mais muita mesmo, já esqueci... Ficou pelo caminho.
Mas por quê será que ninguém, naquele tempo de escola, nunca me ensinou a abrir os olhos e ver a beleza de um nascer de sol? Por que nenhum professor me ensinou a sentir e a desvendar a beleza inserida em um poema?
Recentemente li um texto de Rubens Alves que remetia a isso:
"As escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam".
Demorei a entender isso. Na verdade, até na Universidade isso acontecia e ainda acontece. Quando lembro da lista de declinações de latim... da cartilha de verbos de espanhol... era tortura pura. Continuava a me perguntar onde havia importância naquilo tudo e sabia que uns semestres depois, o "bichinho do esquecimento" iria varrer tudinho de minha mente como varreu as fórmulas matemáticas, as nomenclaturas de biologia, as datas de História...
Voltando a Rubens Alves, ele diz que as crianças têm olhos encantados e a escola deve ensiná-las a ver, pois só elas podem ver o que os eruditos não têm a capacidade. Acho que ainda tenho um "restinho" de criança por aqui e acho também que na Universidade felizmente nem todos tinham aquela ideia de vedar os olhos dos alunos e empurrar conteúdo de "ouvido a dentro". Sim, foi lá, dentro das muralhas da Universidade que me ensinaram a abrir os olhinhos encantados de criança e ver muito além das teorias. Não pensem que foi nas aulas de literatura, mas nas aulas de uma disciplina que demorei tanto a cursar por falta de interesse...Psicologia!
Foi lá que aprendi a ver com os olhos encantados das crianças. Foi lá que aprendi a ver a beleza escondida em meus próprios poemas...
A partir dessa nova maneira encantada de ver, as borboletas passaram a ter outro colorido e as palavras, as belas palavras daquelas aulas ajudaram meus olhos a ver o mundo com outros olhos. E tenho plena certeza de que essa "teoria encantada" o bichinho do esquecimento jamais vai tirar de mim!!