segunda-feira, 7 de junho de 2010

A elegância do conteúdo

De ferramentas tecnológicas qualquer um pode dispor, mas a cereja do bolo se chama conteúdo. É o que todos buscam freneticamente: vossa majestade, o conteúdo.
Mas onde ele se esconde?
Dentro das pessoas. De algumas delas.
Fico me perguntando como é que vai ser daqui a um tempo, caso não se mantenha o parco vínculo familiar com a literatura, caso não se mais valor a uma educação cultural, caso todos sigam se comunicando com abreviaturas e sem concluir um raciocínio. De geração em geração, diminui-se o acesso ao conhecimento histórico, artístico e filosófico. A overdose de informação faz parecer que sabemos tudo, o que é uma ilusão, sabemos muito pouco, e nossos filhos saberão menos ainda. (...)
O fato é que nos tornamos uma sociedade muito irresponsável, que está falhando na transmissão de elegância. Pensar é elegante, ter conhecimento é elegante, ler é elegante, e essa elegância deveria estar ao alcance de qualquer pessoa. (...)
Isso me fez lembrar de um livro excelente chamado “A elegância do ouriço”, de Muriel Barbery, que conta a história de uma zeladora de um prédio sofisticado em Paris. (...)
A personagem não tinha uma mente elegante, como possuía também a elegância de não humilhar seussuperiores”, que nada mais eram do que medíocres com dinheiro.
A economia do Brasil vai bem, dizem. Mas pouco valerá se formos uma nação de medíocres com dinheiro.

Martha Medeiros, Revista de O Globo, 06 de junho de 201 ( Li no Professor texto)

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