segunda-feira, 11 de abril de 2011

desrespeito


Ontem estava conversando com uma amiga, pedagoga, sobre nosso tempo de escola (nem faz tanto tempo assim!!!)...
Lembramos das longas caminhadas que fazíamos até a escola, das aulas de educação física no mesmo horário das outras, do lanche que levávamos de casa, das nossas passagens por baixo da catraca dos ônibus quando voltávamos, do medo de tirar uma nota vermelha, do prazer de estudar e receber aquela nota máxima acompanhada de um enorme parabéns estampado no meio da prova...
Lembramos de tanta coisa boa daquele tempo e, acreditem, estamos aqui sem nenhum trauma por levar bronca de professor, por estudar imensas listas de verbos, tabuadas... pelo contrário, aprendemos mesmo, sem enrolação nem decoreba. E o professor era alguém nosso, da família mesmo, a quem tínhamos a obrigação de tratar com todo o respeito possível. Era raro ver alguém dizer que, pelo menos, ele era feio... mesmo que o fosse! rsrsrsr
Hoje, somos professoras e tudo mudou. Os alunos teem transporte escolar, merenda de boa qualidade, livros didáticos, material, fardamento...tudo grátis e não querem nada.
Hoje cedo cheguei à escola e fui surpreendida com a notícia de que uma turma de pré-adolescentes que não respeitam nem a si próprios, desrespeitaram seriamente um colega de profissão e o pior é que o professor nada pôde fazer, porque os direitos dos alunos são infinitamente maiores que os dos professores. E colocar aluno pra fora de sala vai traumatizá-lo. Agora nós podemos ser xingados, espancados, ridicularizados e temos que baixar a cabeça e aceitar tudinho calados, amordaçados. Onde vamos parar?
Como disse, sou de uma geração que respeitava o professor e, nem por isso cresci com traumas.
Foi marcante pra mim, ver e ouvir a revolta dos meus colegas de trabalho hoje na hora do intervalo. Em seus olhos estava estampado o cansaço, a humilhação e a falta de forças para continuar. Muitos deles foram meus professores e me incomodou bastante ouvir aquelas declarações, aqueles desabafos de profissionais que sei que dão o melhor de si para ajudar a mudar a sociedade. Foi triste, muito triste ouvir tudo aquilo deles...
Como a tendência é piorar, me assusto em pensar no amanhã. Sei que faço o possível para seguir os ensinamentos de meus verdadeiros mestres, mas está difícil, muito difícil, encontrar quem permita que eu repasse esses ensinamentos...

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