duzia as partidas de futebol. Totalmente imparcial (como tem que ser, aliás!) sem precisar estar "puxando o saco" de jogador A ou B, como se tem visto. Suas colocações sempre foram bastante coerentes e alheias a qualquer preconceito besta criado por hipócritas em relação ao futebol nordestino. Pernambuco, aliás, foi tratado com bastante carinho por Luciano. A torcida pernambucana e o nosso "trio de ferro" era destacados e elogiados ao longo de suas narrações. Não à toa, por um tempo, escolheu Porto de Galinhas como refúgio da correria do Sudeste...
Sou de uma geração que surgiu no momento em que o vôlei e o basquete começaram a ganhar importância
no cenário nacional graças à voz de um cara que fez o país do futebol de
Pelé, Zico e Garrincha abrir os
olhos e se curvar diante das cortadas de
Bernard, Marcelo Negrão e Tande , das cestas espetaculares de Magic Paula e da
Rainha Hortência, dos socos de Maguila, da velocidade de Hélio Castro Neves e
Emerson Fittipaldi e, mais recentemente, do talento e genialidade de Marta, Formiga e cia.
Luciano do Vale , do vôlei, do Brasil... um homem, um
profissional, uma voz. Um ser humano que
amava sua terra, sua gente. Ele me
habituou a ter sua companhia em tantos momentos bons e emocionantes
proporcionados por meu Corinthians. Impossível enumerar a quantidade de
jogos que eu estava com ele, tão longe e
tão perto. Ele tão íntimo e eu tão desconhecida... mas sua voz estava sempre em
minha casa, numa presença só dispensada quando
não era permitido chegar a esse extremo nordestino. Como esquecer a narração do gol de Edílson ,"o
Capeta" , em cima do Real Madrid e
o pênalti desperdiçado por Edmundo no primeiro título mundial? Também nunca
sairá de minha memória sua voz emocionada
no primeiro gol de Ronaldo diante do Palmeiras. Nem sei como vai ser
comemorar um título do meu time sem a emoção que só a voz dele proporcionava...
Dez copas do mundo no currículo não foram suficientes para tirar a gana de participar de mais uma e, desta vez, em casa. O cansaço, a saúde frágil, a correria da profissão não ousavam tirar de sua mente o quão especial seria cobrir esse evento em casa. Infelizmente o coração de Luciano não aguentou e fez sua voz se calar antes da primeira partida ser iniciada. Voz empolgante do homem que já nos emocionou em tantos momentos do nosso esporte foi silenciada por uma peça pregada pelo destino. Vai ser difícil assistir aos jogos sem sua narração, sem se emocionar com seu grito de "gol". O Brasil perde seu craque do jornalismo esportivo, seu camisa 10... o homem que fez o país abrir os olhos para outros esportes. O jornalista que nos apresentou Magic Paula, a rainha Hortência e tanta gente boa. Como o esporte vai viver sem ele? O que sei é que jornalistas, telespectadores e apaixonados pelo esporte estão órfãos. Perdemos um grande ser humano que frequentava nosso meio com sua voz e seu talento inquestionável.Estamos às vésperas da Copa do mundo... o país do futebol se veste de verde e amarelo e abre os braços para receber o mundo. Equipes quase formadas, palcos ainda se aprontando, espetáculos marcados, torcida afinando os gritos... e quis o destino que o homem, a voz , o gênio partisse antes de ecoar o som do apito inicial dos jogos na casa do futebol. Certamente Messi, Cristiano Ronaldo, Ribery e Neymar desfilarão por nossos gramados e estufarãos as redes e outros locutores narrarão o momento, mas com toda certeza, que me perdoem, nenhum deles conseguirá descrever com tanta emoção e magia o encontro mágico da bola com as redes , do que Luciano do Vale. O que nos resta é guardar no coração aquela voz que, independentemente do clube, nos emocionou em algum momento e rogar a Deus que o coloque em um bom lugar para que , mesmo lá do céu, ele continue sendo o dono do grito de gol mais bonito do Brasil.
Vai em paz, amigo.
Sentirei muito a falta de sua companhia nas transmissões dos
jogos do meu Corinthians!
Tati Oliveira.
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