sexta-feira, 7 de maio de 2010

O sonho não pode acabar...


Contam os mais velhos, a velha guarda de sangue preto e branco e os outros de sangue vermelho, que em 1977 o Brasil parou pra ver a festa, o fim da agonia dos "sofredores", dos... mais felizes. Não vivi naquela época, tampoco sonhava em existir, mas hoje, graças à tecnologia, posso rever e sentir um pouco a agonia dos "mais felizes e sofredores" que, depois de 23 anos voltavam a comemorar mais uma conquista do time de futebol que eles fizeram de religião, tão grande e fiel era o amor, o elo que existia.
23 anos... longos vinte e três anos desfeitos em 7 segundos. Foi o tempo em que a bola beijou a trave, bateu no pé de alguém aqui, de outro ali e sobrou no meio da área desesperada gritando em silêncio...:- Me chutaaaaaa!!!! e chutaram... e ela foi, como um cometa; como o cometa da alegria que arrastava toda uma agonia de uma nação que se formara no período de jejum, e morreu no fundo das redes. Era a explosão, o fim, o início, o choro, a alegria, a loucura, o grito...
o canto, a fala, a rouquidão, o silêncio, a lágrima... as lágrimas...
Os mais felizes voltavam a ser mais felizes ainda.

Rever hoje aquele 13 de outubro de 77 através dos vídeos caprichosamente preto e branco é estar lá sem ter estado. É sentir... o fim daquele longo período de escassez de títulos que se desfez, com sofrimento, mas com vitória.

Pertenço a uma geração que não viveu o êxtase de 77. Não viu a raça daqueles guerreiros que transpiraram sangue para espantar as gozações e trazer a alegria de volta aos mais felizes. Hoje, dois dias após mais uma eliminação da Libertadores, acredito que o sentimento é o mesmo daquela gente que viveu aqueles longos 23 anos de espera.

O silêncio após o apito final só foi quebrado pelas palmas que vinham das arquibancadas que aplaudiam os guerreiros daquela batalha triste. A noite foi longa... o sono não vinha e as cenas da partida começavama passar acompanhadas do famoso... : "se aquela bola tivesse entrado..." " se o goleiro não tivesse defendido..." se o atacante tivesse acertado..." "se...se...se...". Esse "se" não entrou em campo e, de fora, foi mais uma vez cruel com "os mais felizes".

Um dia essa libertadores virá como veio o fim do tabu contra as "sardinhas" de Pelé, como veio o fim do jejum. É lógico que virá! É isso que faz com que o futebol seja apaixonante...É isso o que faz
com que o Corínthiano seja Fiel, apaixonado..., louco pelo timão. Também é isso o que faz com que os outros (menos felizes), sequem, torçam contra e tenham inveja da fidelidade, do amor incondicional que há entre "os mais felizes" e sua religião!

Paixão é isso. É transformar time em religião. É sorrir, chorar, gritar, apoiar,sofrer,é ser fiel, amar...amar... É um amor que se traduziu naquele Pacaembu lotado, perfeitamente bicolor que desde o primeiro instante não parava para buscar o ar; cantava, dançava, coreografava e incentivava. Um amor que, mesmo após mais uma queda, levanta no outro dia com o desejo de recomeçar tudo de novo e buscar o sonho almejado.

São 100 anos, corinthianos!! Durante esse século vivemos sempre no ápice da emoção, seja ela com lágrimas e com sorrisos. 100 anos de loucura e de fidelidade. 100 anos de uma história de amor que independe de títulos, de conquistas, porque simplesmente é fiel, verdadeira. Que venham outras libertadores! O sonho não pode acabar ( não para, não para, não para...)...

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