sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Aprendemos palavras para melhorar os olhos


Na escola lembro que passava horas inventando frases com os elementos da tabela periódica para conseuguir memorizar todos...
Aprendi tantas fórmulas de matemática e física, inúmeras nomenclaturas, classificações dos seres viso... tantas e tantas regras...
Me via louca para aprender as conjugações verbais, conseguir juntar a História Geral com a do Brasil... tanta coisa me foi ensinado e muita, mais muita mesmo, já esqueci... Ficou pelo caminho.
Mas por quê será que ninguém, naquele tempo de escola, nunca me ensinou a abrir os olhos e ver a beleza de um nascer de sol? Por que nenhum professor me ensinou a sentir e a desvendar a beleza inserida em um poema?
Recentemente li um texto de Rubens Alves que remetia a isso: "As escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam".
Demorei a entender isso. Na verdade, até na Universidade isso acontecia e ainda acontece. Quando lembro da lista de declinações de latim... da cartilha de verbos de espanhol... era tortura pura. Continuava a me perguntar onde havia importância naquilo tudo e sabia que uns semestres depois, o "bichinho do esquecimento" iria varrer tudinho de minha mente como varreu as fórmulas matemáticas, as nomenclaturas de biologia, as datas de História...

Voltando a Rubens Alves, ele diz que as crianças têm olhos encantados e a escola deve ensiná-las a ver, pois só elas podem ver o que os eruditos não têm a capacidade. Acho que ainda tenho um "restinho" de criança por aqui e acho também que na Universidade felizmente nem todos tinham aquela ideia de vedar os olhos dos alunos e empurrar conteúdo de "ouvido a dentro". Sim, foi lá, dentro das muralhas da Universidade que me ensinaram a abrir os olhinhos encantados de criança e ver muito além das teorias. Não pensem que foi nas aulas de literatura, mas nas aulas de uma disciplina que demorei tanto a cursar por falta de interesse...Psicologia!
Foi lá que aprendi a ver com os olhos encantados das crianças. Foi lá que aprendi a ver a beleza escondida em meus próprios poemas...
A partir dessa nova maneira encantada de ver, as borboletas passaram a ter outro colorido e as palavras, as belas palavras daquelas aulas ajudaram meus olhos a ver o mundo com outros olhos. E tenho plena certeza de que essa "teoria encantada" o bichinho do esquecimento jamais vai tirar de mim!!

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