sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Lunar


As casas cerraram seus milhares de pálpebras
As ruas, pouco a pouco, deixaram de andar.

Só a lua multiplicou-se em todos os poços e poças
tudo está sob a encantação lunar...

E que importa se uns nossos artefatos
lá conseguiram afinal chegar?

Fiquem arando os sábios seus bodoques:

a própria lua tem sua usina de luar.

E mesmo o cão que está ladrando agora

é mais humano que todas as máquinas
sinto-me artificial com essa esferográfica.


Não tanto...Alguém me há de ler com um meio sorriso

cúmplice...Deixo pena e papel...e, num feitiço antigo,

à luz da lua inteiramente me luarizo...


(Mário Quintana in Apontamentos da vida sobrenatural.)

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