sábado, 19 de setembro de 2009

Diário de bordo...capítulo final de dinâmica de grupo


Hoje, estou tentando reunir as palavras para relatar, descrever, explicar o final, minha saída da disciplina Dinâmica de grupo...
Não, a disciplina não teve apenas 4 aulas... ela tem ainda muitos outros encontros para quem ficou.
Eu e minha amiga temos que descer nessa estação. É o fim da linha...
Confesso que , por mais que estivéssemos cientes de que isso seria muito provável, ainda acreditávamos que poderíamos conseguir vagas... estávamos amando aquela sala de aula diferente de tudo o que já vivemos dentro das paredes da academia. O impacto do resultado foi meio doloroso; sem medo de hipérbole, o sentimento chegou pertinho do anúncio da minha ida para a única recuperação por 2 décimos.
Como fiz um balanço sobre as primeiras aulas e sobre a perspectiva de meu ensaio final, agora, como sei que não poderei mais escrevê-lo, farei um balanço final sobre isso tudo, na tentativa de me aliviar, de ficar mais leve...

A disciplina
Cursar Dinâmica de grupo foi uma decisão que tomei (ajudada por algumas pessoas) para driblar a timidez, superar meu medos e, consequentemente conseguir melhorar minha vida profissional. Era um caminho que eu mesma acreditava que poderia encontrar minha superação. É lógico que tudo ainda estava muito remoto, afinal, foram apenas 4 aulas. O medo de me expressar ainda existia, a insegurança ainda me controlava, mas agora a vontade de superar tudo aquilo estava ali, pertinho e , a cada encontro, essa vontade crescia e ia sendo irrigada pelas palavras ouvidas, pela cumplicidade, pela amizade.

A Burocracia (Ou injustiça?)

Infelizmente o que se tem observado na grade curricular de diversos cursos é a presença de disciplinas que em nada acrescentam para a formação profissional. Em Letras não é diferente...
Quando optamos por seguir o caminho das licenciaturas, aparecem 5 disciplinas pedagógicas e mais 2 ou 4 práticas de ensino. Infelizmente dentro desse "pacote" de disciplinas oferecidas "por livre e espontânea pressão", em conjunto pelas coordenações de letras e das licenciaturas diversas, há disciplinas que não acrescentarão em nada na formação docente. Passar um semestre decorando leis (que eu aprendi em uma semana estudando pra concurso...), pasar outro fazendo resumos de livros, apresentando seminários sobre a educação na década de 50... sinceramente não vejo como retirar lições daquelas aulas. Não consigo enxergar como ajudar meus alunos com base naquelas aulas de conteúdos arcaicos e pensamentos que nada têm a ver com as realidades que enfrento.
O que mais me irrita e me deixa indignada é a existência de outras disciplinas que podem ajudar o professor no seu dia-a-dia e que o direito de cursá-las é restrito. Prefiro acreditar que os cursos que lidam com a EDUCAÇÃO são um conjunto, ou melhor..."um grupo"que deve ser homogêneo. Devido a isso, não vejo o porquê de essas disciplinas que visam a formação de profissionais para exercerem a atividade docente não serem oferecidas às licenciaturas.
O que mais me surpreendeu na "saída " da disciplina Dinâmica de grupo foi o fato de não ter ficado pelo fato de que a coordenação que oferece a disciplina não levar em conta o requerimento da coordenação de meu curso. Prova disso é a ausência da disciplina pendente na grade. Então, diante disso, é perceptível que os alunos das licenciaturas não podem cursar dinãmica de grupo porque não são de pedagogia. Entendo isso como um monopólio... podem não me entender, mas é isso. E o grupo de cursos destinados à educação?...
Seria injusto reservarem 5% dessas vagas para que tivéssemos alguma esperança de cursar essa disciplina? 5% apenas para as licenciatura...
A sensação que dé é que somos vistos como educadores à parte...
Às vezes dá um arrependimento de não ter feito o bacharelado logo... de não ter ido ao Ce... de não ter que ter cursado algumas daquelas cadeiras...
Será que só será possível se juntar-se aos outros? fazer vestibular de novo pra pedagogia e pagar essa cadeira?...?
Devido a esses desencontros, continuamos a ser obrigados a assistir aulas estéreis que nada acrescentam para nossa vida pessoal e profissional.
Como diria o mestre Drummond..." Brincar com a criança não é perder tempo; é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados, enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis que nada contribuem para a formação do homem."

Retrospecto
Com a presença do fantasma da falta de vagas, desde o início tinha decidido aproveitar cada momento. Tinha decidido tentar dar o máximo para não me arrepender depois. Dentro de minhas possibilidades acho que estava caminhando... estava tentando...buscando me superar a cada aula. Na última, porém, coisas externas me atrapalharam um pouco, mas estava lá.
Tem coisas que vão ficar guardadas. Tem lições que me farão refletir... pensar e dialogar comigo mesma. Embora tenha ficado pouco tempo, valeu a pena.
Valeu a pena ter levado falta toda segunda em uma das escolas...
Valeu a pena colocar uma substituta na última aula em outra escola...
Valeu a pena chegar em casa de 1 hora da manhã...
Sim...valeu a pena. Será que sou pescadora de ilusões?


Sentimento

O sentimento que veio quando soube realmente que não estava mais foi meio louco. Injustiça, decepção, tristeza...lágrimas. Me vi criança de novo, chorando por terem me tirado um brinquedo novo e já preferido. Querendo, desejando brincar, mesmo que timidamente, outra vez.
Ontem teríamos aula, mas não ousei ir pra última. Iria esplodir ... desabar quando terminasse, pois eu sabia que era realmante a última. Não tinha mais o que fazer...
Só sei que sempre quando chegar a hora da aula, vai ficar um vazio meio louco... uma curiosidadde sobre o que estarão fazendo...
o que estarão ouvindo...brincando...aprendendo...
Então me contentarei em reler o que escrevi sobre essa experiência curta e extrememente saudosa .
Já estava bastante curiosa sobre como começar meu ensaio final. Confesso que estava com receio de não conseguir controlar as palavras... elas já apareciam, já me perturbavam, me acordavam...em tão pouco tempo. É engraçado como isso ocorre...a fala some, foge e as palavras esplodem, me invadem e me dominam.

Agora... tenho que dizer a elas que não sairão mais... que terão que mudar de prosa... esquecer o ensaio final e voltar à realidade nossa...
Mas...toda vez que eu ouvir a aventura do Gato de Botas, de todos os sete epas dos anões, do coelhinho do relógio... vou lembrar da bela borboleta do Ziraldo e das lições de minha grande professora! E isso não há buricracia que possa me impedir de sentir!!!

"E lá se foram eles felizes pra casa, sabendo que nunca mais iam esquecer de sua borboleta...
da borboleta que cada um tinha visto voando dentro de um livro."

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