sábado, 19 de setembro de 2009

Saudades

“Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. ..”
Saudade de um irmão que mora longe. ..
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais...
Saudade de uma cidade...

Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade dos sorrisos, das gargalhadas, das conversas, dos abraços. Saudade de pessoas que entraram em nossa vida, se instalaram nela e compartilharam momentos conosco, edificando uma verdadeira AMIZADE.
Um grupo poderia estar na aula de inglês e o outro na aula de espanhol, mas havia o encontro nos corredores...
Alguém poderia ir ao médico, mas o celular aproximava as vozes distantes e na outra aula as conversas seriam postas em dia...
Se a chegada das férias freava os encontros, as reuniões nos shoppings e nas pizzarias amenizavam até que as aulas retornassem...
Quanta saudade...
Das conversas intermináveis nos ônibus, da confecção de bilhetinhos que circulavam em movimentos de ida e volta na hora da aula, do grupinho reunido no fundão da sala, das correrias para entregar trabalhos, das cópias compartilhadas, dos nutritivos “almoços” quando era preciso ficar o dia todo na Universidade, das atas de frequência assinadas com fidelidade!(rsrsr), dos trabalhos com o mesmo grupo e das reuniões bagunçadas para organizá-los, das lágrimas compartilhadas, dos medos da reprovação, das celeumas... quanta saudade...

O tempo passa e esquecemos que os momentos também vão com ele... só percebemos quando surge uma dor maior que todas, sem nada em nosso exterior estar machucado...
É aí que nosso coração chora e a saudade vem...

Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se aquelas pessoas importantes em nossa vida continuam sorrindo .
Não saber se elas continuam com dificuldade em inglês. Não saber se elas ainda escrevem aquelas poesias. Não saber se estão estudando para um mestrado como prometeram. Não saber se ainda lembram daqueles momentos, se aprenderam a enfrentar essa dor que ,depois da separação, passou a surgir, se elas continuam preferindo Drummond a Paulo Coelho, se continuam achando “um saco” estudar latim, se continuam correndo de um lado para o outro, se elas continuam sonhando com dias melhores, se permanecem enfrentando os ruge-ruges das ferraris da vida...
Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. É desejar saber se todos estão felizes.
Saudade...é a falta de quem compartilhou momentos conosco que se tornaram eternos...


Ao meu grupinho do curso de Letras da UFPE.
Saudades, povo das letras!!!

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